A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é um dos pilares fundamentais para a Gestão de Segurança e Medicina do Trabalho Ela serve como um diagnóstico das condições ergonômicas, identificando riscos e orientando medidas corretivas. No entanto, muitas empresas acreditam que, por não possuir uma data de validade formal, ela pode permanecer inalterada por tempo indeterminado. Essa percepção pode ser altamente prejudicial, comprometendo a saúde dos funcionários, a produtividade e até mesmo a conformidade legal da organização.
A AET pode não possuir uma data de expiração formal, mas isso não significa que seu conteúdo reflete permanentemente a realidade do trabalho. O mundo corporativo está em constante transformação, e diversos fatores podem impactar a ergonomia dos colaboradores, como:
- Alterações nos processos produtivos e no layout da empresa;
- Novos equipamentos ou ferramentas sendo implementados;
- Mudança na carga de trabalho ou no ritmo das atividades;
- Aumento do número de trabalhadores ou reorganização das tarefas.
Sem ajustes na AET para contemplar essas mudanças, as medidas preventivas podem se tornar obsoletas e ineficazes, aumentando riscos para a saúde e segurança dos funcionários.
Mas afinal, por que atualizar a AET regularmente se ela não expira?
O ambiente corporativo e industrial muda rapidamente, influenciado por fatores como:
- Novas tecnologias que alteram a forma como os trabalhadores interagem com máquinas e ferramentas.
- Mudanças na jornada de trabalho, incluindo o crescimento do home office e trabalho híbrido.
- Reorganização de processos, onde funções e tarefas são ajustadas para maior eficiência.
- Expansão ou redução de equipes, modificando a dinâmica operacional e a carga de trabalho individual.
Esses aspectos influenciam diretamente as demandas ergonômicas do trabalhador. Se a AET permanecer desatualizada, ela não refletirá as condições reais de trabalho, tornando-se ineficaz para a prevenção de riscos.
O Papel dos Riscos Psicossociais na Atualização da AET
Muitos gestores subestimam os riscos psicossociais, tratando ergonomia apenas como uma questão física. Porém, o desgaste mental também impacta diretamente a saúde dos colaboradores. Alguns fatores que devem ser analisados incluem:
- Pressão por produtividade extrema: O excesso de cobranças e prazos curtos pode desencadear altos níveis de estresse.
- Falta de pausas adequadas: Trabalhar longas horas sem descanso prejudica a concentração e aumenta a possibilidade de erros.
- Sobrecarga cognitiva: Processos excessivamente complexos sem suporte adequado levam ao cansaço mental.
- Falta de interação social no home office: Muitos funcionários relatam isolamento e dificuldade de comunicação no trabalho remoto.
Se esses aspectos não forem contemplados na AET, o bem-estar dos trabalhadores será negligenciado, gerando problemas como absenteísmo, queda na produtividade e até desenvolvimento de transtornos psicológicos.
Os Impactos de uma AET Divergente da Realidade
Uma Análise Ergonômica do Trabalho desatualizada pode gerar graves consequências para a empresa, tais como:
- Aumento de afastamentos por doenças ocupacionais – Funcionários submetidos a condições inadequadas podem desenvolver LER/DORT, problemas posturais e transtornos emocionais como burnout.
- Queda na produtividade e no desempenho das equipes – Sem uma ergonomia ajustada às necessidades reais do trabalho, os colaboradores perdem eficiência, o que impacta custos operacionais.
- Passivos trabalhistas e processos jurídicos – Se um funcionário adoecer devido a falhas ergonômicas negligenciadas, a empresa pode ser responsabilizada na Justiça, gerando multas e indenizações.
- Imagem negativa no mercado – Com a crescente valorização do bem-estar corporativo, empresas que ignoram a ergonomia podem perder talentos, enfrentar dificuldades de recrutamento e comprometer sua marca empregadora.
Atualizar a AET não é apenas um requisito técnico, mas sim uma estratégia essencial para garantir segurança, produtividade e conformidade legal.
A AET deve ser vista como um documento vivo, que evolui conforme as necessidades dos trabalhadores e as mudanças nos processos produtivos. Empresas que negligenciam essa atualização colocam em risco a saúde dos funcionários e aumentam sua exposição a problemas jurídicos e financeiros.
Fonte: Departamento Técnico Seg & Company – em 21/05/2025.